Criação 2021/2022
Sinopse
Sobre o processo
Após cinco anos de pesquisa, o grande momento de criação e realização do filme foi numa residência de 13 dias com toda a equipe, imersos na Mata Atlântica no município de Ubatuba, São Paulo.
Tudo está latente, como o coração que me habita e como o vôo do pássaro ou o nado do peixe. Comecei a residência dividindo a ideia principal de toda a minha caminhada: a de expansão e contração. Esse gesto essencial e inerente de todas as matérias que dividimos esse planeta teria que estar em evidência em cada detalhe desta nova criação, que também é um manifesto e uma festa.
Expandir e contrair faz com que a marionete ganhe suspiro e respiro, faz com que realizemos nossos desejos e sonhos, faz com que entendamos as opressões e nos livremos delas.
E a partir desse ir e vir das matérias, de ser pequeno e grande, de ser parte e todo, nos encontramos na Mata Atlântica para compartilhar, criar, escutar, desfrutar e confiar na interdependência que querem nos arrancar de qualquer maneira.
Sete artistas que puderam abrir uma brecha no tempo-espaço da produtividade capitalista para mergulhar no desconhecido.
Coágulo é um filme. Coágulo é o que não queremos mais dentro de nós. Coágulo é uma obra que coloca em evidência nossa extrema capacidade de transmutar.
Entre batalhas, poesias, música, respiros, escutas e a força das águas, do vento, dos animais, e de nossas entranhas, confluímos para criar.
Foram dias de diálogos inscasáveis entre todas as forças existentes na Mata Atlântica e as que nos habitam.
O filme conta com quatro momentos: Encantamento, Contração, Expansão e Fluxo.
Estamos realmente à beira do abismo? Fecho os olhos e me imagino com os pés pendentes na linha do abismo, recebendo o ar que passa e trespassa meu corpo e além dele, e que com todo esse vento, a barriga sente o mesmo vazio abismal. Ali, entre o céu e o nada que o fundo do buraco sugere, há ao menos, uma sensação de vôo, de conhecer o inalcançável, o poder de recuar e buscar outros caminhos, de olhar a nuvem como uma nave espacial, ou qualquer outro sentimento escondido dentro da gente. Não estamos no abismo. Estamos cheias, apertadas, sufocadas, aplastradas, amontoadas, oprimidas, achatadas, afobadas. Não há espaço, não há brechas para o vento passar, o sangue está coalhado, o pulmão colado na moeda, na ganância, o coração brilha como pepita de ouro contaminado com mercúrio, os pés atolados no próprio umbigo, os olhos caídos em sacos plásticos sem mar, sem horizonte.
Coágulo é uma obra que nasce da necessidade de liberar espaços corpóreos e de personificar uma batalha que é sistêmica mas que finalmente podemos identificar claramente, inclusive fazer um retrato falado e mofado pois faz parte do cotidiano, habita os detalhes e os monumentos.
Créditos
Ideia original e concepção: Juliana Notari
Direção: Laura Corcuera e Jairo Pereira
Roteiro: Juliana Notari, Jairo Pereira, Laura Corcuera, Maria Zuquim e Mirrah da Silva
Direção de fotografia: Mirrah da Silva
Trilha sonora original: Heri Brandino
Direção de arte: Maria Zuquim
Câmera: Mirrah da Silva
Montagem: Mirrah da Silva
Colorista: Marcelo Rodriguez | Mia Lab
Criação de figurinos e objetos coágulos: Maria Zuquim
Marionete: Juliana Notari
Produção: Ana Luiza Bruno
Costureira base figurinos: Rita de Cassia Martins Freitas
Costureira Coágulos: Mônica Cristina da Rocha
Bordados e estampas: Maria Zuquim
Trilha Sonora:
Herí Brandino – Composição, direção musical e percussão.
Débora Neves – Soprano
Bárbara Blasques – Soprano
Josué Barcus – Baixo
Lucas Rezende – Barítono
Gerson Brandino – Trompetes
Efraim Santana – Clarinete
Sarah Honsby – Flautas
Gravação e Mixagem: Gustavo Vellutini (Estúdio Macuco)
Mata Atlântica, Praia Vermelha, Ubatuba, São Paulo, Brasil, 2021