O amor nada é… / L’amour est rien…

O AMOR NADA É… // L’AMOUR EST RIEN… …

É  necessário esvaziar pra compreender.

Espetáculo íntimo de marionetes. Uma mulher velha, dona de um circo já inexistente fisicamente, agora viaja em seu trailler, em suas memórias, e guarda toda a estrada dentro deste espaço. Ela mostra seus amores e suas relações com eles no meio de uma vida pouco comum. O espaço cotidiano é apresentado de forma fantasiosa cheio de segredos e metáforas que traduzem o tempo que passa.
Sobre o projeto Todo mundo fala de amor. Todo mundo busca o amor. O que é o amor? Este espetáculo é resultado de discussões e experimentações artísticas sobre o Amor, e a desconstrução da ideia institucionalizada do que significa esta palavra. Partindo do princípio que o amor é algo íntimo, individual, este espetáculo foi criado num período de residência dentro de uma casa de repouso e no Castelo da pequena cidade Sillé le Guillaume organizado pelo Kikloche – Festival des petites formes spectaculaires a la Campagne. Dois artistas, Juliana Notari (marionetista) e Eduardo Brechó (compositor) lançaram questões sobre o amor aos residentes. O cruzamento do pontos de vistas dos dois jovens artistas e de pessoas já com um longo caminho percorrido de vida foram a base para a criação desta obra.
A residência aconteceu dentro de uma casa de repouso para pessoas dependentes. No castelo da cidade, um atelier e um estúdio foram montados e estruturados. Entre os dois lugares, os artistas dividiam o tempo da pesquisa e da prática, o que possibilitou a criação, a convivência e a troca com os residentes.
Além disso, Juliana e Eduardo foram alojados na casa de uma senhora de 90 anos, filosofa , musicista, Anne-Marie, que contribuiu ativamente para a pesquisa, nos aportando referencias de pensadores que falaram sobre o amor.

O que é o amor? Esta pergunta, que racionaliza o que se tende a estar num âmbito sensorial, e no caso de um convívio que se adequa ainda a modernidade que muta a cada dia a forma que convivemos, foi jogada ao abismo sem expectativas de respostas moldadas.
Ter a experiência de conviver com pessoas muitas vezes centenárias que já atravessaram diversos tipos de relações durante a vida, e observar como se relacionam com esta questão que nos avassala, possibilitou a construção da obra.
Uma residência dentro de um lugar de convivência como um asilo, já foi experienciada pela artista Juliana Notari quando criou Velhas Caixas, onde ela se aprofundou na gestualidade dos idosos, com o foco na memória e no corpo, numa pesquisa intensa durante 6 meses.
Toda esta investigação anterior permitiu que esta próxima imersão fosse focada na escuta de histórias e até mesmo nos silêncios dos idosos. O que o amor representa quando parte de sua memória já está guardada em outro lugar, as vezes inacessível? O quanto o amor desenho e redesenhou as escolhas e o cotidiano dessas pessoas? O amor é crível?

A trilha sonora foi criada durante este período. Eduardo Brechó bebeu da convivência, das inúmeras conversas com Madame Anne-Marie e das entrevistas com os idosos da casa de repouso.
O viver, o conviver e coabitar muda o rumo da obra. A disponibilidade de escuta é essencial para se lançar a esta criação.

Duração: 6 minutos. Sessões de 2 horas.

Espetáculo apresentado para 5 pessoas de cada vez.

Ficha técnica: Criação e pesquisa: Juliana Notari

Marionetes  e cenografia: Juliana Notari

Concepção: Juliana Notari e Fábio Supérbi

Trilha Sonora original: Eduardo Brechó

Vídeo da obra completa:  https://vimeo.com/173057238